Brasília, 16 de abril – A economia brasileira cresceu menos em fevereiro deste ano, segundo estimativa do Banco Central. O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), que busca ser uma espécie de “prévia do PIB” (Produto Interno Bruto), teve alta de 0,24% em fevereiro, na comparação com o mês anterior, após um ajuste sazonal (correção que retira do índice variações específicas de um período). Em janeiro, a alta havia sido bem maior: 2,35% (número revisado).
No acumulado em 12 meses até fevereiro, também segundo o BC, a prévia do PIB registrou alta 2,41% e, no primeiro bimestre de 2014, de 2,46%. A comparação do acumulado deste ano, frente ao mesmo período de 2013, foi feita sem o ajuste sazonal – o que é considerado mais apropriado por especialistas, pois, em períodos longos, as variações positivas e negativas que afetam os índices econômicos costumam se equiparar.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz. O mercado financeiro prevê um crescimento do PIB de 1,65% para este ano, segundo pesquisa realizada pelo BC na semana passada – valor que está abaixo do estimado pelo governo federal no orçamento deste ano (+2,5%) e também pelo Banco Central (+2%).
PIB de 2013
A economia brasileira cresceu 2,3% em 2013, acima da alta de 1% no ano anterior. A alta teve forte influência do desempenho da agropecuária, que teve expansão de 7% – a maior desde 1996. Em valores correntes (em reais), a soma das riquezas produzidas em 2013 chegou a R$ 4,84 trilhões e o PIB per capita (por pessoa) atingiu R$ 24.065.
Resultados do IBC-Br x PIB
O IBC-Br foi criado para tentar ser um “antecedente” do PIB. O índice do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos. Os últimos resultados do IBC-Br, porém, não têm mostrado proximidade com os dados oficiais do PIB, divulgados pelo IBGE.
Em 2012, por exemplo, o IBC-Br mostrou um crescimento de 1,6%. Posteriormente, o resultado oficial do PIB mostrou uma alta menor, de 1%. O mesmo aconteceu no primeiro, no segundo e no terceiro trimestres de 2013. Entre julho e setembro do ano passado, o indicador teve retração de 0,21%, mas o PIB caiu mais – 0,5%.
O Banco Central já avaliou, em 2013, que o IBC-Br não seria uma medida do PIB, mesmo que tenha sido criado para tentar antecipar o resultado, mas apenas “um indicador útil” para o BC e para o setor privado. “Se o IBC-Br acertasse na mosca é que seria surpreendente”, afirmou o diretor de Política Econômica da entidade, Carlos Hamilton, no fim de 2012.
Definição dos juros
O IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo Banco Central para definir a taxa básica de juros (Selic) do país. Com o menor crescimento da economia, por exemplo, teoricamente haveria menos pressão inflacionária. Atualmente, entretanto, os juros básicos estão em 11% ao ano, após nove elevações desde abril do ano passado.
Pelo sistema de metas de inflação que vigora no Brasil, o BC precisa calibrar os juros para atingir as metas preestabelecidas. Para 2014 e 2015, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Desse modo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país e medida pelo IBGE, pode ficar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida.
A expectativa do mercado financeiro é que os juros básicos da economia tenham mais uma alta, no fim do mês de maio, para 11,25% ao ano, para controlar as pressões inflacionárias. O BC sinalizou, na ata da última reunião do Copom, que poderia interromper o ciclo de alta da Selic, mas o resultado do IPCA de março, divulgado após a reunião que definiu os juros, mostrou o maior crescimento da inflação para este mês desde 2003 – o que levou os economistas a acreditarem que pelo menos mais uma elevação dos juros ainda deverá acontecer neste ano.