Brasília, 06 de junho – Os investidores que viam um porto seguro nos títulos públicos do governo para a proteção do patrimônio estão assustados. Ao conferirem os extratos de suas aplicações no Tesouro Direto e em fundos de renda fixa e de previdência, muitos estão se deparando com perdas inesperadas de mais de 3% neste mês ou rendimentos pífios, incompatíveis com o processo de elevação da taxa básica de juros (Selic) promovido pelo Banco Central. Os prejuízos são provocados, principalmente, pela instabilidade no quadro macroeconômico, com inflação alta e dólar volátil, e por declarações desencontradas de integrantes do governo, que minam a confiança do capital.
Boa parte das perdas dos fundos é comandada pelos papéis indexados à inflação, as Notas do Tesouro Nacional série B (NTNs-B), que vêm derretendo. No ano, esses títulos já perderam, em média, 5% de seu valor. Tal desvalorização é repassada aos investidores por meio do que os especialistas chamam de marcação a mercado. Todos os dias, os bancos são obrigados a registrar nos fundos de investimento os preços dos títulos públicos, nos quais estão aplicados os recursos da população — mais de R$ 1 trilhão. Como eles estão em baixa, o valor das cotas dos fundos diminui e, consequentemente, o patrimônio dos poupadores.