Brasília, 16 de maio – O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR), que será divulgado hoje, deverá apontar para uma expansão de 0,8% no primeiro trimestre, segundo previsões do mercado financeiro. O indicador, que tenta antecipar o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB), é determinante para embasar as decisões da política monetária. A retomada gradual da atividade, no entanto, ocorre num quadro em que a inflação permanece próxima do limite de tolerância fixado pelo governo e impõe uma fatura pesada aos brasileiros. Essa cenário reforça a estratégia do BC de elevar a taxa básica (Selic), mesmo em um mundo onde os juros reais são negativos e crescer tornou-se um privilégio de poucas nações.Caso a previsão do mercado se concretize, o crescimento do período terá sido mais que o dobro da média trimestral de 2012. Um número que, anualizado, representa uma taxa de expansão próxima dos 4%. Essa desempenho, que pode ser comemorado devido à robustez, é visto, porém, como um risco para o custo de vida. O próprio diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, em discurso recente, chamou a atenção para o PIB potencial do Brasil, que, nas palavras dele, gira atualmente ao redor de 3% ao ano.
Hamilton ponderou que há riscos em avançar acima desse ritmo, já que os investimentos na produção não têm crescido a contento. Isso significa que o país tem um patamar de consumo muito superior à capacidade de oferta de bens e serviços, condição que favorece a elevação de preços. “Se esse nível de crescimento acima do potencial perdurar por um período longo, teremos problemas com a inflação. Muitos segmentos da economia têm sofrido redução das margens de ganho em função do aumento de custos, e essas pressões podem chegar aos preços cobrados do consumidor”, argumentou Mauro Schneider, economista-chefe da CGD Securities.