Brasília, 24 de setembro – Aqueda de braço entre governo e servidores está distante do fim. Cerca de 140 mil funcionários públicos devem parar hoje, segundo cálculos dos sindicatos. São 24 horas de paralisação, com vários serviços à população suspensos ou em fluxo reduzido (Veja quadro ao lado). A promessa é que amanhã os serviços sejam normalizados. Uma assembleia às 10h deve decidir se haverá ou não uma greve geral em outubro — a condição é o recebimento dos reajustes adiados pelo GDF. Os servidores querem que o governo cumpra o cronograma de aumentos firmados pela gestão Agnelo Queiroz (PT) e desista de itens do pacote de austeridade, como o fim do pagamento da licença-prêmio.
A adesão ao movimento ganhou força na tarde de ontem, quando os sindicatos se articularam, visitaram repartições, distribuíram panfletos na cidade, fizeram campanhas televisivas e colocaram chamados grevistas nas páginas eletrônicas das categorias. “Nossa intenção é alertar ao GDF que os servidores estão mobilizados e não vão aceitar pagar a conta”, explica Ibrahim Yusef, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Civis da Administração Direta, Autarquias, Fundações e Tribunal de Contas do DF (Sindireta).Alguns órgãos públicos tentaram intimidar os servidores com avisos internos de que o ponto será cortado para os que aderirem à greve. Porém, a ameaça não surtiu efeito entre servidores e sindicalistas. A participação no movimento deve paralisar o atendimento dos principais serviços públicos. Na saúde, apenas as áreas de urgência, emergência e internação funcionam.
Os ambulatórios, as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e os centros de atenção primária estarão fechados. Segundo o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos em Saúde de Brasília (SindSaúde), os profissionais não vão aceitar o pacote de Rollemberg, nem a suspensão dos reajustes prometidos.
Na educação, a pasta informou que as escolas se mantêm abertas. Mas o Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF) afirmou que os profissionais não vão para as salas de aula. “Não vamos aceitar o calote”, afirma Samuel Fernandes, diretor de comunicação do Sinpro-DF. “Não vamos aceitar também a mudança da licença-prêmio para licença-capacitação. Temos professores aposentados desde abril que não receberam o dinheiro do benefício”, complementa Fernandes.
A previsão também era de que o metrô parasse. O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários do Distrito Federal (SindMetrô-DF) foi um dos últimos a se posicionar a favor da paralisação. Segundo Quintino dos Santos Sousa, diretor de administração e finanças do SindMetrô, a categoria iria aderir ao movimento por se sentir prejudicada com o pacote de Rollemberg, que, entre outros tópicos, impede a convocação dos concursados. Segundo o sindicato, o quadro de pessoal está defasado.“A nossa orientação é de paralisar 100%. Agora, isso depende da adesão dos empregados”, informa. Em nota, a Assessoria de Imprensa do Metrô informou que o serviço não será interrompido: o que pode haver é “restrição na operação do sistema”. O sistema, no entanto, funciona normalmente.
Os postos do Na Hora, as administrações regionais e o Procon do Distrito Federal vão abrir as portas. O atendimento vai depender da adesão dos funcionários. O Na Hora informou que vai criar um sistema de senhas limitadas, a depender da demanda. Esses órgãos devem funcionar com um pouco mais de normalidade, por conta da alta quantidade de comissionados no cargo. No Procon-DF, por exemplo, mais de 50% do quadro é composto por servidores sem vínculo.