Agnelo Queiroz pedirá urgência na apreciação de projeto de lei que garante isenção no primeiro ano do carro. Segundo o GDF, abatimento inicial aumenta o recolhimento do ICMS e de futuros impostos sobre o veículo
A partir de janeiro de 2012, quem comprar um carro zero-quilômetro pode ficar isento da primeira cobrança do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). O projeto de lei conhecido como “IPVA zero”, de autoria do Executivo, será encaminhado para avaliação da Câmara Legislativa logo após o recesso parlamentar e contará com um empurrãozinho do governador Agnelo Queiroz. Ele se comprometeu a solicitar urgência na aprovação da proposta. O empenho do governo em agilizar o trâmite do PL não visa apenas o benefício dos contribuintes, mas o aumento da arrecadação no Distrito Federal. Estados vizinhos, como Goiás, Mato Grosso e Tocantins, aprovaram a medida há mais tempo, iniciando um processo de migração dos consumidores em busca de vantagens no preço final dos carros novos. Após levantamento feito pelas secretarias de Fazenda e de Planejamento, as autoridades concluíram que o abatimento inicial compensa, pois traz para o cofre do GDF tanto os ganhos com o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), antes recolhidos nos estados onde a compra era feita, como garante o pagamento das futuras cobranças do IPVA, que também serviam para financiar melhorias nas unidades da Federação onde o automóvel foi adquirido. Além disso, todos os carros contemplados pela renúncia fiscal do governo terão a base de cálculo aumentada nos três próximos IPVAs. O valor devido então será o equivalente a 3,5% do preço médio de mercado – divulgado anualmente no Diário Oficial do DF. Hoje, esse percentual é de 3%. Para as unidades que foram adquiridas sem vantagens no ano de emplacamento, não haverá modificação nas regras. Concorrência maior Após a mudança, estima-se um aumento de 8% a 10% nas vendas de carros dentro do DF, apenas no ano que vem. Em 2010 foram comercializados mais de 103 mil veículos. Só com o ICMS destas unidades, o GDF faturou mais de R$ 371 milhões. As 85 concessionárias locais, por sua vez, lucraram R$ 3,9 bilhões. O Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos Autorizados (Sincodiv) defende que a lei vai aumentar a concorrência do setor, equiparar o DF às demais unidades da Federação e também criar mais empregos. O diretor da entidade Alessandro Soldi conta que Brasília está em terceiro lugar no ranking nacional de vendas de automóveis. Mesmo assim, o resultado poderia ser melhor. “Estimamos uma venda de 2 mil carros em Valparaíso que não ficam lá, ou seja, são moradores de outras regiões que escolhiam comprar fora para receber o desconto”, diz. Soldi explicou que o resultado das concessionárias locais vinha caindo ao longo dos últimos anos. “No ano passado tivemos 5% de aumento nas vendas, mas o resultado está abaixo da média nacional, de 8%.” Antes mesmo de sair do papel, as revendedoras de veículos começaram a comemorar e fazer contas. Apenas na Kia Motors, o crescimento dos negócios pode chegar a 20%, estima a revendedora. “Realmente é um benefício para os consumidores que também facilita a venda. Temos carros de R$ 150 mil aqui. Para esses casos, podemos dar um desconto correspondente ao IPVA que não será pago, algo em torno de R$ 5 mil”, diz o diretor de marketing Marco Paulo Carvalho. A estratégia de oferecer IPVA grátis seria então substituída pela redução de valores reais. Mas, antes de efetuar a compra, serão observados alguns critérios, como não estar inscrito na Dívida Ativa ou, no caso das empresas, não ter débito com a seguridade social. Para impedir que moradores de outros estados passem a realizar o cadastro no DF a fim de se aproveitar da nova legislação, o governo também prevê a cobrança do IPVA caso haja transferência do veículo ainda durante o primeiro ano de uso. Recuperação de perdas A apresentação do projeto reuniu, ontem, empresários e membros do Sincodiv, além dos secretários de Fazenda, Valdir Moyses Simão, e Planejamento, Edson Nascimento. Ambos elogiaram a iniciativa. “Estamos recuperando a perda dos últimos anos”, sintetizou Moysés. O governador, também presente, retrucou possíveis teorias de incentivo desnecessário ao consumo e o aumento da frota nas ruas, criando eterna necessidade de obras viárias. “Tem de ser visto como um mecanismo de interesse para todo o DF, uma maneira de gerar empregos. O que não impede melhorias no transporte público, que é uma prioridade.” Inclusão digital em Samambaia Mais um telecentro foi transformado em Ponto de Inclusão Digital no governo Agnelo Queiroz. Ontem pela manhã foi a vez de Samambaia, que recebeu o segundo polo do novo modelo de gestão da educação digital. O primeiro foi no Gama, no fim de junho, depois que o GDF assumiu o controle dos telecentros, antes geridos pela Fundação Gonçalves Lêdo. Por enquanto, as oportunidades de cursos são parecidas com as ofertadas antes. Mas a ideia é implantar – ainda sem prazo definido – programas de maior duração. “Não vamos ficar só emitindo certificados, vamos estudar as demandas de mão de obra digital e oferecer cursos para essas carências”, afirmou o governador. Em Samambaia, o Ponto de Inclusão Digital funciona na Biblioteca Pública, na área especial QR 407/409. Todos os cursos são gratuitos. A meta do GDF é que até 2014 um milhão de pessoas sejam certificadas em cursos de educação formal, tecnológicos e profissionalizantes por meio dos centros que serão implantados no DF. Por Julia Borba. |
Fonte : Correio Braziliense |