Brasília, 29 de outubro – O Palácio do Planalto tem se queixado constantemente da falta de empenho do setor privado em estender a mão para tirar o país do atoleiro em que se encontra. Mas assessores importantes da presidente Dilma Rousseff não têm dúvidas: está nas mãos do próprio governo a retomada da confiança do empresariado e dos investidores no que já se apresenta como o novo tripé da economia — a manutenção dos juros em 7,25% ao ano por um longo período, inflação em torno do centro da meta, de 4,5%, e crescimento anual próximo de 4%.

A receita está clara: Dilma terá de reforçar uma das três escoras de um outro tripé, mais antigo e que anda cambaleante: o superavit primário, que, junto com o sistema de metas da inflação e o câmbio flutuante, sustenta a atual política econômica há mais de 10 anos e vem garantindo o sucesso da estabilidade do real.

Será a economia de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) para o pagamento dos juros da dívida pública — que não ocorrerá neste ano — o ponto central para que o custo de vida se mantenha comportado e a profecia do sistema financeiro não se confirme. Dez entre 10 analistas do mercado sustentam que o Banco Central terá de elevar a taxa Selic em 2013 se quiser manter a inflação no centro da meta. O debate dentro do governo é intenso, como ressalta uma autoridade graduada da equipe econômica ouvida pelo Correio, ao admitir que o tripé da política econômica anda flexível devido aos efeitos da crise externa sobre a atividade econômica, mas que voltará a ser firme no ano que vem.

Correio Braziliense