Brasília, 16 de abril – O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu a projeção de crescimento da economia brasileira em 2013, de 3,5%, previstos pelo Fundo em janeiro, para 3%. A estimativa consta no relatório “Projeção Econômica Mundial: Esperanças, Realidades e Riscos”, divulgado nesta terça-feira, 16, no início de sua reunião de primavera em Washington.
Esta é a segunda revisão para baixo na estimativa de crescimento da economia brasileira para 2013. Em janeiro, o FMI já havia baixado a previsão, que era de expansão de 4% divulgada em um relatório feito em outubro pelos economistas do Fundo. Nesta segunda-feira, para elaboração do Lei de Diretrizes Orçamentárias 2014, o próprio governo brasileiro estimou um crescimento da economia de 3,5% neste ano e de 4,5% no ano que vem.
O Brasil foi um dos países com maior revisão para baixo nas estimativas de crescimento para 2013 no relatório do FMI. Só perde para um grupo de pequenos países formados por ex-repúblicas da União Soviética, como Armênia e Tajiquistão. Para esta região, excluindo a Rússia, a estimativa foi reduzida em 0,8 ponto, de 4,3% para 3,5%. Poucos países tiveram revisão para cima nas projeções de crescimento em 2013. Japão e Alemanha estão entre eles.
Ao mesmo tempo em que reduziu a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para 2013, o FMI elevou em 0,1 ponto a estimativa de 2014. Em janeiro, a previsão do Fundo era de que o país fosse crescer 3,9% no ano que vem, número agora aumentado para 4%.
A economia brasileira deve se recuperar este ano, depois de crescer apenas 0,9% em 2012, destaca o FMI. A recuperação é reflexo dos cortes de juros do passado recente e das fortes políticas de estímulo do governo, mas o investimento privado segue decepcionando, ressalta o relatório.
América Latina e mundo
Para a América Latina como um todo, a projeção de crescimento foi reduzida em 0,3 ponto porcentual, para 3,4% em 2013. Já para 2014, o número não mudou e o FMI segue esperando crescimento de 3,9%. O México deve ganhar do Brasil em crescimento este ano, com expansão prevista de 3,4%, mas perde em 2014, ano em que deve crescer nos mesmos 3,4% de 2013.
O FMI também reduziu a projeção de crescimento da economia mundial para 2013. A expectativa é de que o PIB global tenha expansão de 3,3% este ano, abaixo dos 3,5% projetados em janeiro pelo Fundo. Para 2014, a estimativa segue inalterada, com previsão de crescimento de 4%, de acordo com o relatório “Projeção Econômica Mundial: Esperanças, Realidades, Riscos”, divulgado nesta terça-feira.
Os mercados emergentes, notadamente a China, vão continuar puxando o crescimento mundial. Mas mesmo para este grupo de países a projeção do FMI foi reduzida. A previsão é de que os emergentes cresçam 5,3% este ano, ante estimativa anterior de 5,5%. A China deve crescer 8%, 0,1 ponto abaixo do número divulgado em janeiro.
Os países desenvolvidos devem crescer 1,2% em 2013, ante 1,3% do relatório de janeiro. Os Estados Unidos vão puxar essa expansão, com crescimento previsto de 1,9%, 0,2 ponto abaixo da anterior. A redução na estimativa ocorreu por causa da entrada em vigor dos cortes automáticos de gastos públicos na economia norte-americana, que começaram a valer em março, ressalta o FMI.
A zona do euro vai continuar em recessão e a previsão é de encolhimento de 0,3% do PIB da região, uma piora de 0,2 ponto ante a estimativa anterior. O FMI mantém a previsão de que os países da região vão se recuperar em 2014, crescendo 1,1%. A Alemanha deve ser o destaque e ter crescimento de 0,6% este ano, enquanto países como Itália e Espanha seguem se contraindo mais que o inicialmente esperado, respectivamente em 1,5% e 1,6%. No caso da Itália, a projeção foi revista para baixo em 0,4 ponto, pois em janeiro se esperava contração de 1,1%, por causa do caos político no país.
O Japão, que resolveu adotar uma política monetária mais expansionista, foi um dos países que teve maior revisão para cima nas projeções divulgadas hoje. A economia japonesa deve crescer 1,6% este ano, 0,4 ponto acima da previsão anterior. Para 2014, a estimativa aumentou em 0,7 ponto e agora é de 1,4%.
Os governantes de países desenvolvidos, destaca o FMI, conseguiram evitar dois fatores que poderiam ser uma ameaça para a recuperação da economia mundial. Nos EUA, um acordo de última hora evitou o chamado abismo fiscal, conjunto automático de corte de gastos e aumento de tributos. Na zona do euro, a ruptura do bloco foi evitada.
O relatório, porém, aponta que velhos e novos riscos rondam essa recuperação, comentário semelhante ao feito pela presidente do FMI, Christine Lagarde, em uma palestra em Nova York na semana passada. Por isso, a recomendação é de que os governos continuem atentos e aproveitem essa melhora do cenário para agir e empreender reformas. “Os governos não podem se permitir um relaxamento dos esforços neste momento”, diz o documento.
O Chipre mostrou que os bancos na zona do euro ainda precisam de ajustes, destaca o documento. Outro risco para a região é a incerteza política na Itália, que tem paralisado as reformas do país. O relatório também alerta para a necessidade de um ajuste maior no déficit fiscal dos EUA. O ponto positivo é que os países avançados vêm conseguindo reduzir suas dívidas.