Brasília, 25 de janeiro – A deterioração do quadro político e econômico reaviva para muitos brasileiros a experiência das crises do século 20. Embora a situação e o contexto sejam diversos, a queda aguda do Produto Interno Bruto (PIB) e a inflação fazem lembrar outras épocas. A Tendências Consultoria conta com recuo de 3% na atividade econômica e inflação de 7% neste ano. No próximo, a carestia deve ceder um pouco, para 6,2%, e o PIB, ter variação positiva de 0,1%, o que, se não chega a ser crescimento de fato, pelo menos marcará o fim da recessão. Mas, esse cenário é só o mais provável, com 45% de chances de se realizar.
Há um quadro bem pior, com 30% de probabilidade, em que a inflação dispara, atingindo 12,6%, e a produção despenca 5,7%. “Isso ocorrerá se o governo adotar medidas populistas”, diz o economista Silvio Campos Neto, da Tendências. A lista de artifícios possíveis inclui medidas de expansão do crédito e outras que possam deteriorar ainda mais as contas públicas. “Os sinais de que essas medidas podem ser tomadas já apareceram”, alerta Campos. Ele se refere aos indícios de interferência política no Banco Central (BC), que manteve inalterada a taxa básica de juros (Selic) na semana passada. O episódio, que resultou na alta da cotação do dólar, deverá elevar as previsões de inflação do mercado.
Agora, os analistas estão preocupados com a nova política econômica, a ser anunciada pelo governo na próxima quinta-feira, durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. “Só o fato de Nelson Barbosa ter ido para a Fazenda já mudou para baixo o viés do PIB e para cima o da inflação”, afirma o economista Evandro Buccini, da Rio Bravo Investimentos. “Ele é alinhado com a presidente Dilma Rousseff e com as políticas equivocadas do primeiro mandato.”.