Brasília, 22 de maio – O fraco desempenho da economia brasileira, os investimentos em níveis abaixo do necessário e a produtividade declinante da mão de obra são alguns dos fatores que contribuem para que o Brasil continue perdendo espaço no mercado internacional. O país perdeu mais três posições na edição de 2014 do Índice de Competitividade Mundial (World Competitiveness Yearbook — WCY), divulgado ontem pelo International Institute for Management Development (IMD), de Lausanne, na Suíça, que tem a Fundação Dom Cabral, como parceira local. Ficou em 54º lugar na lista de 60 países pesquisados. Os Estados Unidos e a Suíça permaneceram em primeiro e segundo lugar, respectivamente.
Este foi o quarto ano consecutivo que o Brasil deixou de subir no ranking global do IMD, publicado desde 1989, que analisa dados estatísticos nacionais e internacionais e coleta opiniões de 4 mil executivos. Em 2010, o país estava na 38ª colocação do estudo que avalia quatro itens principais: desempenho da economia, eficiência de governo, eficiência empresarial e infraestrutura.
“O Brasil perdeu 16 posições no ranking geral nesses quatro anos, e isso foi causado pela continuidade da baixa performance nos aspectos institucionais. O país não conseguiu melhorar em nenhum dos quatro pilares da pesquisa, mas a perda mais preocupante foi em eficiência empresarial”, disse o coordenador da pesquisa em território nacional, Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral. Segundo ele, nesse item, o país teve a maior queda, de nove pontos, passando do 37º lugar, em 2013, para 46º, nesse ano. “Isso mostra que o país não vem conseguindo melhorar onde deveria. As reformas e os investimentos em infraestrutura não ocorrem na velocidade necessária”, explicou. “Se nada for feito, o Brasil vai continuar perdendo posições. Antes, ele estava em um nível intermediário e havia esperança de que ele chegasse ao grupo dos 10 mais bem colocados. Mas hoje, está entre os 10 piores, e corre o risco de perder mais posições nos próximos anos”, alertou.
Para o gerente de Pesquisa e Competitividade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, esses dados não surpreendem e, se as condições macroeconômicas continuarem como estão, há grandes chances de o país continuar perdendo posições nos rankings de competitividade. Na opinião de Fonseca, o único item que pode melhorar a curto prazo é o de infraestrutura, se os investimentos forem realizados em um ritmo mais forte. “Um dos principais fatores da baixa produtividade é a má qualidade do ensino, que faz com que a mão de obra não seja qualificada”, destacou.