Brasília, 23 de outubro – Ao mesmo tempo em que se desdobra para minimizar os efeitos da crise que solapa os Estados Unidos e a Europa, o governo de Dilma Rousseff tem voltado seus olhos para a Argentina, o mais importante do parceiros comerciais vizinhos. Desde que decidiu encampar uma pesada perseguição a produtos importados, a presidente argentina, Cristina Kirchner, tornou-se um estorvo para os empresários brasileiros. Ao impor barreiras aos negócios, para tentar conter a saída de dólares, ela transformou a fronteira entre os dois países em um depósito de produtos encalhados e prejuízos monumentais. O que mais assusta os industriais é o fato de Brasília se manter calada, apesar de reconhecer que o parceiro está passando dos limites, com constantes bravatas do superministro Guilhermo Moreno.
A fatura é pesada para o empresariado nacional. Tanto que, de janeiro a setembro deste ano, as exportações brasileiras para a Argentina encolheram 20,2% quando comparadas com as do mesmo período de 2011. Caíram de US$ 16,8 bilhões para US$ 13,4 bilhões. Como consequência, a participação do país vizinho na pauta de exportações do Brasil também reduziu, de 8,9% 7,5%. Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, esse quadro é pior quando se leva em conta o perfil das vendas do país à nação vizinha. “Depois da perda de participação dos Estados Unidos, que sempre o foram o nosso principal comprador, a Argentina tornou-se o melhor mercado para os nossos manufaturados. Ao mundo inteiro, exportamos commodities. Mas, para a Argentina, são produtos de maior valor agregado. É bom termos eles como parceiros”, diz.
Correio Braziliense