Cálculo de empresários mostra que os desembolsos do governo deveriam crescer menos que o PIB para a carga tributária recuar

Gabriel Caprioli

Em meio a um ciclo econômico que abriu ao Brasil a possibilidade de debater, conforme ressaltou diversas vezes o ministro da Fazenda, Guido Mantega, soluções para o crescimento — e não para a crise —, avançam as discussões sobre a urgência de reformar a gestão pública. Para reforçar o coro, um grupo de empresários lançou recentemente o Movimento Brasil Eficiente, que propõe ampliar, definitivamente, o controle sobre a gastança do governo. A intenção é estabelecer mecanismos que possibilitem desacelerar o ritmo de crescimento das despesas públicas de forma que elas avancem menos que o conjunto das riquezas produzidas no país.

Iniciativas como a do setor empresarial vão além. O objetivo é também melhorar a qualidade dos dispêndios. “Se conseguirmos, pelos próximos 10 anos, que o gasto cresça um ponto percentual a menos que o Produto Interno Bruto (PIB), teremos até 2020 reduzido a carga tributária a 30% do PIB”, assegurou o empresário catarinense Carlos Schneider, um dos líderes do movimento. Para ele, o principal fruto da redução do peso dos tributos sobre os contribuintes é a possibilidade de elevar a taxa de crescimento do investimento a um nível superior a 25% do PIB.

Investimentos
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no primeiro trimestre, esse indicador atingiu 18%. “O Estado, se gastar menos, poderá colocar à disposição mais recursos para investimento e a iniciativa privada, com uma carga tributária menor, terá uma receita adicional para esse mesmo fim”, avalia.

Os dados do Tesouro Nacional mostram que o investimento público acumula avanço de 80% nos cinco primeiros meses do ano em comparação com igual período de 2009. Entre janeiro e maio, a soma foi de R$ 16,691 bilhões, o que é muito pouco, na avaliação do empresário.

“O setor público investe hoje cerca de 2% do PIB, dos quais a União responde por 0,6% e estados e municípios, por 1,4%. Com a iniciativa privada, o Brasil investe 18% do PIB. Temos, portanto, um grande espaço para caminhar. O esforço tem que ser conjunto”, destaca. Ainda de acordo com o Tesouro, a despesa total no ano, até maio, já ultrapassou os R$ 255 bilhões, numa expansão de 18,5%.