Brasília, 03 de maio – Cotado para ser o ministro da Fazenda do provável governo de Michel Temer, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles defendeu ontem que o reajuste médio de 9% do Bolsa Família, concedidos no domingo pela presidente Dilma Rousseff, precisa ser “equacionado”. “Isso vai ter que ser devidamente medido e equacionado. O país tem condições de honrar seus compromissos. A questão toda é o custo e o que será necessário ser feito de um lado para a trajetória de crescimento da dívida pública tenha sinais claros de reversão.” O economista teve encontro com Temer e aliados próximos do peemedebista, ontem.
Além de Meirelles, participam do encontro os ministeriáveis Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), Romero Jucá (Planejamento), Eliseu Padilha (Casa Civil), Marcos Pereira (Ciência e Tecnologia), Moreira Franco (Infraestrutura) e Henrique Eduardo Alves (Turismo), além do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Antes de entrar na reunião, Jucá acusou o governo de tentar desequilibrar as contas públicas. “O governo perdeu o parâmetro de qualquer conta e está executando despesas numa tentativa de desequilíbrio do orçamento público”, afirmou Jucá. Para Meirelles, a estratégia para sair da crise passa por tentar reverter a desconfiança de agentes econômicos. “Para que empresas voltem a contratar e que, em consequência, os consumidores voltem a comprar, bancos voltem a emprestar e, portanto, possamos sair desse ciclo negativo e entrar em um clico virtuoso de crescimento”, afirmou o futuro ministro.
“Ainda dá tempo e esta é a hora de se tomar medidas que começam pela trajetória, para que ela possa ser alterada fazendo, portanto, com a taxa de risco do país comece a cair e, como consequência, as taxas de juros possam sofrer redução e tudo caminhe em outro rumo”, acrescentou Meirelles após quase cinco horas de reunião no Jaburu.
Dívida pública
Meirelles considerou como “aspecto chave” a trajetória do crescimento da dívida pública. “Temos que sinalizar claramente o país. Em última análise de que não nos vermos em situações similares a alguns outros países que tiveram na frente a tomar medidas abruptas. O Brasil tem que começar, a tempo e a hora a tomada de medidas que façam com que essa trajetória possa ser alterada e que, portanto, a taxa de risco comece a cair e, em consequência, as taxas de juros possam sofrer um processo de reversão e tudo caminhe em outra direção”.
O homem da economia de Temer defendeu que a questão fiscal será fundamental nesse processo. “Não há dúvida, a questão das concessões visando a viabilizar os investimentos diretos em infraestrutura, que em um primeiro momento cria demanda e, em um segundo momento, vai gerar diminuição do custo país.”
Correio Braziliense