Supermercados adotam medidas de segurança e higiene para evitar transmissão do novo coronavírus, como medição de temperatura dos clientes. Apesar do aumento na procura, setor garante que não há risco de desabastecimento na cidade
Correio Braziliense
Em meio à crise causada pelo novo coronavírus, há um setor que não registra prejuízos. O movimento em supermercados cresceu 30% em março, quando comparado ao mesmo período de 2019, afirma Francisco Maia, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF). O aumento se deu em razão da procura de pessoas preocupadas em estocar alimentos e produtos de higiene nas últimas duas semanas. Os estabelecimentos são dos poucos que ainda podem permanecer abertos, após a sucessão de decretos do Governo do Distrito Federal (GDF) com o objetivo de encorajar a população a permanecer em casa.
A expectativa do setor é de que, agora, a situação seja normalizada. “O povo está se conscientizando de que não tem necessidade dessa corrida às compras. Os mercados têm estoque para 60 dias, mas se tiver aquela correria desenfreada, os produtos vão acabar antes da chegada dos novos pedidos”, alerta Francisco. “Não precisa correr, porque não há risco de desabastecimento”, complementa. Desde quinta-feira, os estabelecimentos estão em campanha de arrecadação de produtos para doação a entidades sócio-assistenciais (veja Campanha).
Os supermercados têm adotado medidas para facilitar o atendimento e preservar a segurança de clientes e funcionários, como horários reservados às compras de idosos e medição voluntária de temperatura na entrada dos estabelecimentos. “Nossas lojas estão tomando precauções, como distanciamento social e higienização de carrinhos. Fazemos tudo com o maior cuidado. Se alguém chega gripado, por exemplo, a gente pede que procure ajuda médica. São medidas paliativas”, salienta Gilmar Pereira, presidente do Sindicato dos Supermercados do Distrito Federal (Sindsuper).
Embora as empresas tenham lidado com uma procura maior, ele afirma que não foram necessárias novas contratações. “Cada mercado adotou ajustes conforme a estrutura requer”, explica Gilmar. De acordo com ele, serviços de delivery caíram no gosto do público consumidor. “É algo que está crescendo muito para quem já tinha essa opção. Quem não tinha, está procurando formas de implantar.”Delivery por aplicativo.
Na rede Veneza de Supermercados, a procura pela opção de entrega em domicílio aumentou cinco vezes em relação ao início do ano, como afirma o supervisor geral Jefferson Macedo. “Tem gente fazendo, agora, a compra para daqui a 10 dias”, destaca. Ele explica que há 10 anos oferece essa opção, mas que em outubro a empresa decidiu modernizar e lançou um aplicativo. Assim, o que antes era feito por ligação, agora se dá ao toque do celular.
O cliente escolhe os produtos, agenda a entrega e pode pagar pelo app ou pessoalmente. “Nossos entregadores não entram na residência. Deixam a mercadoria na porta e a pessoa recebe. Isso é mais uma precaução tomada para evitar a transmissão da Covid-19″, explica Jefferson.
Nas cinco lojas físicas do grupo, mais cuidados foram tomados: funcionários usam luvas e, logo na entrada, oferecem álcool em gel para os clientes se higienizarem. Eles também fazem a limpeza recorrente das cestas e carrinhos de compras. No piso, faixas adesivas delimitam a distância entre a fila e o atendimento. “Internamente, a nossa parte comercial agora só faz compras e negociações por telefone. O abastecimento das lojas é feito à noite, para reduzir o número de pessoas circulando durante o dia, quando temos clientes”, destaca.
Jefferson afirma ainda que passaram a abrir uma hora mais cedo, para atender pessoas do grupo de risco da doença, como idosos e grávidas. Apesar de não haver problemas de abastecimento, um item precisou ser limitado a dois por cliente: o álcool em gel. “Teve gente aqui pedindo 200 frascos. Aí não dá, se não, não sobra para os demais”, pondera.