Brasília, 17 de julho – Quando as ruas do país foram tomadas por protestos, pedidos e gritos de ordem da população, há um mês, os parlamentares apressaram-se em defender uma pauta positiva na Câmara e no Senado que, para ser concluída, deveria ultrapassar o mês de julho. O gesto altruísta dos congressistas, porém, ficará só na teoria. Eles garantem que não entrarão de férias, mas oficializaram ontem, nas duas Casas, o chamado “recesso branco”, quando o parlamento continua em funcionamento, mas sem sessões de votação. Enquanto eles viajam, assuntos pautados pelos manifestantes e outros tantos considerados prioritários até pelos próprios parlamentares ficarão para o mês que vem.
A Constituição diz que o Congresso só tem a pausa de 15 dias no mês de julho quando o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do ano seguinte é aprovado. Não raro, porém, deputados e senadores podem lançar mão de manobras para tirar uns dias de folga mesmo sem a proposta que trata das contas do governo ser votada. De acordo com levantamento da Câmara, a última vez que isso ocorreu foi em 2006. Desde 1995, as férias foram suspensas, ao menos oficialmente, sete vezes. O “recesso branco” deste ano vai ser incluído nessa lista.