abr080513dsc_0236Brasília, 09 de agosto – O governo acredita que está vencendo, com folga, a batalha da inflação no curto prazo, mas isso não significa que mudará as políticas adotadas para segurar os preços. O Banco Central vai usar o atual ciclo de aperto monetário, que desde abril já elevou a taxa básica de juros de 7,25% para 8,5% ao ano, para mitigar os efeitos da desvalorização do real sobre os preços. O objetivo é consolidar a inflação em patamares menores que o atual.

A inflação recuou para 0,03% em julho, ajudando a derrubar o IPCA acumulado em 12 meses para 6,27%, face aos 6,70% verificados até junho. As autoridades sabem, porém, que a queda decorreu, em grande medida, da suspensão dos reajustes de tarifas públicas.

Desde janeiro, o real sofreu depreciação de 11% em relação ao dólar. O BC atribui a esse fato o aumento da inflação no período. Apesar da queda do IPCA, preços de produtos intermediários têm subido, pressionados pela desvalorização do real. Ao calibrar os juros, o BC mira a inflação ao consumidor e não no atacado, mas, ao manter a política monetária apertada, dificulta o repasse da depreciação aos preços no varejo.

O momento, segundo economistas oficiais, é complexo. A liquidez internacional diminuiu e a volatilidade dos mercados aumentou. O Federal Reserve, o banco central americano, começa a reduzir, até o fim do ano, a compra mensal de títulos públicos e privados, medida adotada nos últimos anos para oferecer liquidez ao mercado e reanimar a economia. O problema é que persistem dúvidas sobre a intensidade com que fará isso.

A incerteza sobre o que ocorrerá com o dólar desautoriza mudança na estratégia da política de juros. Em estudo recente, o FMI afirmou que o real continua sobrevalorizado entre 10% e 15%, sugerindo que, no processo de reposicionamento das moedas em relação ao dólar, o real pode se depreciar ainda mais.

IAF