downloadBrasília, 02 de setembro – Com mais fôlego para concessão de crédito após injeção do Banco Central de R$ 70 bilhões na economia brasileira, alguns bancos já reduziram os juros de linhas de financiamento para carros a taxas inferiores a 1%. A medida é comemorada pelas concessionárias, que amargam um ritmo fraco de vendas e trabalham com estoques que chegam a 50 dias. Contudo, muitas revendedoras ainda estão cautelosas na comemoração, uma vez que, para ter acesso às tarifas reduzidas, o consumidor deve dar uma entrada média entre 30% e 50% do valor do veículo.

Outro problema levantado pelo setor é quanto ao prazo do financiamento. A exceção do Banco do Brasil, que anunciou ontem juros a 0,97% ao mês para veículos novos, em até 60 parcelas, as demais instituições se mostram mais receosas. O Santander oferece taxas a partir de 0,97% ao mês para pagamentos em até 12 meses, enquanto o Itaú está com juros de 0,99%, mas apenas para parcelamentos de até dois anos. A Caixa vai promover, da próxima quinta-feira ao sábado, um feirão em mais de 1,1 mil concessionárias em todo o Brasil. A ação prevê uma linha de financiamento para a compra de carros novos ou usados com taxas de juros a partir de 0,93%.

“Os juros menores oferecem mais oportunidades de negócio, mas ainda é insuficiente para alavancarmos as vendas. Nenhum banco trabalha com entrada de 25% mantendo essas taxas baixas”, afirmou Estênio Tibério da Costa, gerente de vendas de uma concessionária Volkswagen. Contudo, o elevado índice de inadimplência do consumidor continua sendo o maior entrave para o mercado automotivo. “Hoje, 60% dos clientes têm o cadastro recusado”, acrescentou.

O presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Flávio Meneghetti, acredita ser uma questão de tempo outros bancos também anunciarem a redução dos juros. “O mercado vai acompanhar. Mais do que a indústria e revendedores de automóveis, é o consumidor que tem a ganhar com o incremento de novas instituições na oferta de crédito”, avaliou. Ainda que o cenário não seja o ideal, ele lembra que carros usados podem servir de entrada na aquisição de um novo veículo. “É uma alternativa que pode permitir os interessados em trocar o automóvel a ter acesso aos juros baixos do setor financeiro”, ponderou.